março 27, 2011





não sei quando, não sei quem
se lembrou de matar o amor carnal
considerando-o ímpio
como se só o espírito fosse digno de amar
uma coisa hoje sei
não foi Jesus,
(como muitos querem fazer crer)
bastou-me ler com atenção Lc 7, 37-38

eu nasci com essa ferida
esse rasgão entre o espírito e o corpo
deixando ao coração uma única saída
bombar mais sangue,
para compensar aquele que se esvaía por essa funda brecha

foi preciso tempo para, aos poucos, voltar a reuni-los
espírito e corpo
e poder dar descanso ao coração aquietando-lhe o ritmo

embora muitos tenham sido os indícios

oferecer o corpo a um homem
receber o corpo de um homem
oferecer o peito a um filho
e receber, em troca, a sua boca sôfrega
o que é senão consumação desse amor carnespiritual?

o verdadeiro amor
sei-o agora
é o que da carne se faz espírito e do espírito se faz carne

perder uma destas dimensões é condicionar a minha humanidade






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