março 22, 2011

(para r.b.)


por vezes alguém se aproxima e, inesperadamente, como quem passa um testemunho numa estafeta de 4x 100m, entrega-nos um maço de folhas A4 agrafadas, protegidas por uma mica transparente, com um nome no cabeçalho que imediatamente identificamos. e ficamos felizes. sabemos que nesse dia - depois de passearmos o cão, prepararmos o jantar, pormos a mesa, comermos, arrumarmos a cozinha, desejarmos boa noite com um sorriso malandro no rosto - no quarto, sobre a mesinha de cabeceira, aguardam-nos aquelas páginas. imagino o mesmo sorriso malandro no rosto dos ouvintes de Paulo, quando uma carta sua chegava nas mãos de um enviado para ser lida em voz alta diante de toda a comunidade; naquela noite, todos os afazeres se aceleravam, a mesa não seria posta com o mesmo cuidado, as batatas seriam retiradas cruas da panela, os alimentos seriam engolidos inteiros sem tempo para mastigação, as crianças não ouviriam as habituais histórias de adormecer; e, muito antes da hora combinada para a clandestina reunião, sairiam de suas casas dirigindo-se num passo apressado à casa de Febe ou de Gaio. nestes casos, temos de ter cuidado para não queimarmos a leitura com a febre que trazemos das horas que passámos à sua espera.





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