abril 12, 2011





o poeta apaga a superfície para que o verbo surja

o poeta é mulher-a-dias da casa do verbo,
sem ordenado, décimo terceiro mês, ou subsídios
o verbo não lhe dá férias, nem descanso
arrebata-lhe os sonhos e fá-lo dormir acordado

o ego é lixívia para o verbo
quando aquele se entorna o verbo desaparece
mas o poeta é cuidadoso,
só usa produtos ecológicos para não intoxicar o verbo

o ego é dado a paixões incendiárias, 
que reduzem o verbo a cinzas
mas o poeta é só amor,
líquido se derrama sobre o vaso de terra fértil 
onde o verbo germina na varanda do sol


no final,
o poeta morre para que o verbo nasça
é a sua paixão









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