julho 03, 2011



n.c. escreve no limite da palavra - talvez por isso escreva tão pouco e quase só traduza as palavras de outros -  quando o leio, quando o ouço, sinto-me gaivota à beira de um despenhadeiro, perscrutando o vento para o lançamento no sempiterno; aqui ficam algumas das suas palavras retiradas do blog http://nunopedrocabral.blogspot.com/


jung dizia que o homem criou a religião para se proteger de deus

no discurso de eric baret, a distinção entre prazer e alegria sugere que o psiquismo humano se serve do primeiro para se defender da segunda: o prazer como forma subtil de contracção (vizinha polar da dor) impede e vela a alegria

o prazer localiza, a alegria irradia em todas as direcções, sem centro

o prazer é periférico, projecta-se num objecto e só nele encontra sentido, a alegria é íntima e impessoal, recebe todos os objectos

no mesmo sentido, muitas escolas sistematizaram o yoga para se defenderem da sensibilidade. codificaram o corpo como estratégia de fuga à evidência - mentalmente aterradora - de que ele não existe, para lá do plano conceptual que constantemente o recria segundo o mesmo esquema

num sentido último, as escrituras são uma defesa que ruidosamente nos distancia do silêncio da tradição eterna, inscrita no éter

mas todos - religião, prazer, sistema de yoga ou de pensamento - só o são, enquanto tais, no instante em que os actualizamos mentalmente, pretendendo conferir-lhes uma forma que obscurece o sentir profundo

sentir o perfume de silêncio que permeia a palavra sagrada, a alegria que o prazer mascara, a vacuidade onde corpo e asana ocorrem






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