setembro 03, 2011




porque gosto tanto de João dos Santos...


"(Reflexões sugeridas pela leitura de Herrigel, In the Art of Archery, London, Routledge & Paul, 1975)

A escrita superação.
Penso que a actividade pictural como o grafismo elementar dos sinais, e mesmo a escrita, podem ter origem não no desejo de encontrar uma forma utilitária de comunicar mas numa forma de superação dos impulsos.
As artes, incluindo as artes marciais, foram no Oriente não algo de utilitário, ou puramente estético, mas para serem uma espécie de ritual religioso para os seus praticantes, destinado ao aperfeiçoamento da mente e em particular para harmonizar a mente com o inconsciente.
Eugen Herrigel no seu livros sobre a arte do tiro com arco, mostra que o objectivo dos praticantes japoneses não é tanto acertar no alvo, mas atingirem-se a si próprios numa via de aperfeiçoamento espiritual pelo domínio dessa arte marcial.

(...)

A criança, como o homem primitivo, projecta o seu corpo numa superfície ou numa matéria plástica para se ajudar na construção do Eu corporal. O mestre oferecendo-se como modelo, ajuda a criança a encontrar-se a si própria. (...)
É através da via emocional que a criança apreende intuitivamente o mundo exterior. Não é possível chegar a uma utilização eficaz da actividade simbólica ou linguagem, sem passar pela experiência do comunicar através do sentir. A actividade e a comunicação livres do jardim-escola devem preceder a actividade condicionada da Escola (Nova) como a intuição deve preceder a aprendizagem do racional.
A comunicação artística, base da compreensão entre os homens, implica a existência de uma vida interior (ou realidade interna) que o simples adestramento escolar muitas vezes sufoca."

(João dos Santos, "É através da via emocional que a criança apreende o mundo exterior", Assírio & Alvim)







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