outubro 14, 2011





um dia ouvi o P. José Tolentino Mendonça falar sobre a Alegria; entre outras coisas, ele disse mais ao menos isto: "Há um filme do Ingmar Bergman em que uma rapariga com anorexia (e nós sabemos que a anorexia é também uma forma de desistir da própria vida, não querer investir na vida) vai falar com um psicanalista e ele diz-lhe isto: - Olha, há só um remédio para ti, um caminho, em cada dia te deixares tocar por alguém, ou por alguma coisa". A Alegria é isto, esta hospitalidade, esta purosidade, deixar-se tocar... Os dias sem alegria são aqueles dias completamente sem memória; chegamos ao fim e não nos lembramos de um único gesto, uma única face, um único encontro, uma única acção... não temos nada para contar. E a gente pergunta-se: Porque é que não tenho nada para contar? Porque não vivi em hospitalidade, porque não acolhi, andei de carro com os vidros fechados, os vidros interiores... não deixei existir um trânsito, um retorno, não abri o meu coração; e quando isto não acontece não há alegria, porque a alegria é um dom que nos visita, é uma forma de hospitalidade." Este devia ser o único remédio que deviamos tomar todos os dias.


2 comentários:

ser.so.ser disse...

acredito que não há coincidências...
vinha à procura precisamente deste filme pela mesma razão que aqui tem transcrita... :) assim é mais fácil..

mp disse...

coisas assim, como o Bergman e o P. Tolentino, são pontos de luz :)
e eu também acredito que não há coincidências :)

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