janeiro 31, 2012











Há muitos anos li um conto de Sophia de Mello Breyner Andresen, da colectânea “Contos Exemplares”, que me fez perceber logo muito nova aquilo que eu não queria ser quando fosse grande, chama-se “O retrato de Mónica” e começa assim: “Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da “Liga Internacional das Mulheres Inúteis”, ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, toda  a gente gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria (...)" e acho que consegui: não sou boa mãe de família, não sou chiquíssima, não sou dirigente da “Liga Internacional das Mulheres Inúteis”, não ajudo o marido nos negócios, não faço ginástica todas as manhãs, sou tudo menos pontual, quase não dou jantares, nem vou a muitos jantares, envelheço, não gosto de toda a gente, nem toda a gente gosta de mim, não digo bem de toda a gente, nem toda a gente diz bem de mim, não colecciono colheres do séc. XVII, não jogo golfe, não sou sócia de nenhuma sociedade musical, não estou sempre divertida, não sou um belo exemplo de virtudes, não tenho muito sucesso.... ufa! acho que nunca disse nem escrevi tantos nãos seguidos... e nunca me soube tão bem...





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