(Cruzeiro Seixas à
conversa com Margarida Vale de Gato, António Poppe, Rui Almeida, Raquel Nobre
Guerra "Num Dia de Poesia", na Faculdade de Letras)
« sou um homem
que pinta e um homem que escreve ; quando me chamam « artista » é
como se me dessem uma bofetada ; ser um homem é muito mais difícil »
« a poesia
está acima de todas as coisas porque lida com o impossível, é para aí que temos
de caminhar; se ficarmos pelo possível seremos como galinhas »
« tudo aquilo
que pintei é tão poesia como tudo o que escrevi »
« assisti ao
nascimento de muita da poesia da primeira fase do Mário Cesariny ; lembro-me
de irmos juntos pela rua e de ele me dizer « ama como a estrada começa »,
e logo a seguir acrescentar, « não faço a mínima ideia do que isto quer dizer » ; a poesia que eu amo é a que não
compreendo, o que compreendo não me interessa »
« acho que já
fiz o que tinha a fazer »
« os meus
sonhos são a realidade, são muito chatos, pelo que só tenho uma hipótese,
sonhar acordado ; é o que faço »
« as definições
duram 24 horas ; não há nada
que esteja certo ; não há nada a que nos agarrarmos »
« cada passo
que nós damos é um novo mundo, talvez seja isto o que o Cesariny quis dizer »
« inventar,
inventar, inventar ;
sonhar ;
fazer da vida um
sonho ;
fugir a sete pés do
espaço restrito da racionalidade porque é uma ratoeira da qual nunca sairemos ;
o Dostoiévski dizia que para ele 2 + 2 nunca seriam 4 »
« Eu estarei sempre
convosco nesse país que é a Poesia »