maio 09, 2012





março e abril foram meses muito tristes para a poesia
despediu-se a incompleta
a única livraria em lisboa que lhe era inteira e delicadamente dedicada 
e a chancela e o catálogo da assírio & alvim foram vendidos à porto editora
na feira do livro de lisboa, os livros já aparecem todos misturados e os livros da assírio não são misturáveis
entre as suas várias colecções havia um fio de prumo, uma coluna vertebral, que agora se perdeu
e fica tudo uma mixórdia, é o que apetece dizer
a mim apeteceu-me chorar
cheguei a casa, diriji-me à estante, apanhei a rosa do mundo e comecei a ler em voz muito alta todos os poemas desde o primeiro
em homenagem ao hermínio monteiro
o poeta editor
a verdade é que as grandes obras nascem da paixão de grandes homens
e, com eles, desaparecem
a assírio era indissociável do hermínio, era a sua paixão, a sua vida
de certa forma ela já tinha morrido
nós é que não queriamos ver


só agora percebi o subtítulo da rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
e abraço o livro forte contra o peito










5 comentários:

Antonio Poppe disse...

Mana, respeito o teu sentimento sempre, mas não estou de acordo. O Manuel Rosa e todos os outros que também começaram e continuam a publicar livros escolhidos ao coração. A Assírio somos nós todos que lemos e escrevemos com a paixão que fala, absolutos - nada morre de verdade - disse ontem a Margarida. O mar também nada, um beijo e muito amor Mana.

mp disse...

Tó, nunca me passou pela cabeça ao escrever este texto pôr em causa o trabalho incansável e cheio de mérito do Manuel Rosa, da Ilda David, do Tolentino... dando continuidade, dentro do que era possível, ao que era feito no tempo do Hermínio; mas agora acabou, a assírio tal como a conhecemos acabou, pode até vir a ser uma nova coisa, com qualidade idêntica ou melhor, não sei, mas vai ser muito difícil; em vez do nada morre de verdade, pode-se dizer que tudo morre para nascer o novo; podemos é gostar mais do antigo... se fores à feira e vires a banca da porto editora vais perceber porque me assaltou esta melancolia... um beijo para ti também

Ana Rita Seabra disse...

Eu ainda não fui à feira, mas acho que vou sentir o mesmo!!!
Não sabia nada disto...
Mil beijos

josé luís disse...

entendo perfeitamente o que queres dizer. o fim de uma era sem fim.

Antonio Poppe disse...

está certo, nada morre de verdade - pois de verdade não há nascimento ou morte sequer. há o haver sem pontas por onde separar do não haver.

realizamos mana

luz na água

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