aquele que escreve poesia
não é mais poeta do que o que não escreve
apenas encontrou uma forma de o ser
aquele que lê poesia é tão poeta
quanto aquele que escreve
mas de uma forma diferente
o som que ambos produzem, por exemplo, é diferente
o som da caneta a arrastar a tinta no papel não é igual ao
som dos dedos na folha ao virar da página
escritor e leitor sobem a mesma montanha
mas por lados diferentes
ambos vão a caminho
(do cimo ou do interior?)
ao escritor, o leitor pede apenas uma montanha por onde andar
ao leitor, o escritor pede que caminhe na montanha para a qual o poema aponta
e esqueça todos os mapas
(incluindo o livro de poesia)
à medida que caminham vão deixando cair palavras
até que só restam quatro
é Belo estar aqui
até que só restam três
é Belo estar
até que só restam duas
é Belo
até que só resta uma
É
o momento do abraço e)terno
(alguém viu a montanha o escritor e o leitor?)
2 comentários:
(acabei de os ler)
;))
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