dezembro 19, 2012






tempo de ad vento







"Se o homem vivesse mal pousado sobre a Terra, que comunhão podia existir entre o seu ser indeciso, sem espaço de acção, e a plenitude de um universo que é e se conserva?
Mas, quando fora do rumor ele se encontra como parcela do todo e sabe colocar a sua alma na directriz da universal compreensão, sente, quase vive, o infinito excesso, a divina graça, que, sendo a concreta unidade do amor, em toda a parte é presente, imediatamente, por intencional virtude, sem esforço nem particularização.
A Solidão e o Silêncio dão-nos um sentimento de imediata presença e integral plenitude; não é Deus sentido na repetição interior dum movimento que tudo abrange, é a Graça divina espalhada em todo o Ser, como certos beijos maternais, boiando na face infantil em líquidos sorrisos de ventura.
Como o viajante, que, chegado ao alto, repousa a vista na frescura das gargantas, por mais que os olhos se percam no céu, jamais esquecerá a terra, o pensamento, chegado à Graça, é oração imediata, hino de louvor e alegria, onde todas as imperfeições fundem o corpo de esforço e drama num eterno significado de comunicação e amor."

(excerto de "A Alegria, a Dor e a Graça" de Leonardo Coimbra)





2 comentários:

ars disse...

fotografia linda!
parece tirada de um filme de Bergman :-)

mp disse...

ars, podia ser, mas para mim foi um momento friedrichiano! ;)) http://en.wikipedia.org/wiki/Wanderer_above_the_Sea_of_Fog / http://en.m.wikipedia.org/wiki/The_Monk_by_the_Sea
um beijo ars!

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