julho 26, 2011






(...) E aquela pedra tão igual às outras, não poderia ser ela, ser a que canta? Pois nas pedras há-de estar o canto perdido. E não poderiam ser aquelas, estas pedras, cada uma ou todas, alguma coisa como letras? Fantasmas, seres em suma que permanecem talvez condenados, talvez apenas mudos à espera que chegue para eles a hora de ganhar figura e voz. Porque estas pedras não escritas, conforme parece, que ninguém sabe ao certo se o estão pelo ar, pela alva, pelas estrelas, são aparentadas com as palavras que no meio da história escrita aparecem e se apagam, vão e voltam por muito bem escritas que estejam; as palavras sem sentença da revelação, as quais pela respiração do homem despertam com vida e sentido. (...)

(María Zambrano, Clareiras do Bosque, Relégio D'Água)







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